Este pretende ser um espaço de divulgação de coisas que venho produzindo ao longo dos anos. Sem pressa. Afinal, "de preguiça em preguiça, também se enche boa linguiça".


quinta-feira, 19 de julho de 2018

Esperaza (a Esperanza Spalding)

quis mandar uma carta. Já não se usa
Pareceria u "pincenê? Por que se  hoje nem a palavra se usa?

Não quis telefone
por ele as palavras parecem não ter nome
são apenas fôlego disperso, ofegância.
email? esses já não têm corpo, não tem cheiro, espectro de um universo solitário que são

Gosto mesmo do papel, do simulacro de pele que é o papel

Gosto dos caminhos rios, estradas picadas que a caneta abre e traça onde antes era selva branca

gosto desse papel carne
onde traço veias, artérias
vasos irrigando a mais ínfima fibra

Possível.

Ou quando não, quando nem os dados nem a transpiração,
Arrancar a folha, amassá-la,

botar fora tudo que for incerteza plena
de que todo amor vale um poema

fechar os olhos, abrir as janelas prováveis da paisagem,
respirar profundamente o dia

até que renasça um dia