são paulo

os santos de são paulo plantaram um claustro na mesma terra que chamaram paraíso
liberdade

ave santos do pau oco de são paulo!

esses oblíquos como todo santo quatrocentão carcomido pelas traças da alma

salve os santos de bandeiras e entradas, os santos de mãos maculadas

santo andré
bernardo
caetano
sé

esses santos que estamparam em cada rua a confissão de seus pecados mais capitais ,
santos  dos pés de barro 

Pobres itanhaémm murici Itaimbibi

a eternidade custa o voto do silêncio

glórias à santidade celibatária!

Um dia

Um dia mandaria toda essa raça de poesia pros confins mais fundos e sem-fundos da hipocrisia

ah não fosse essa sombra verde da amendoeira acenando obscenamente  pras ondas moles de um mar bronzeado de verão !

Olhar pra trás , in Suicidios

o breve ato de olhar pra trás

pode revelar em si o aprendizado

de uma enciclopédia particular:

a surpresa incômoda

de um arrepio frio

na nuca desatenta,

de um abraço morno

da mãe, do irmão

do tio que já se foram

mas sobre tudo,

olhar pra trás

pode trazer a luminosa

redescoberta de um sol

caído inadvertidamente do bolso;

ou mesmo aquele torcicolo

ainda por ser curado

em nome da redenção do pescoço