Este pretende ser um espaço de divulgação de coisas que venho produzindo ao longo dos anos. Sem pressa. Afinal, "de preguiça em preguiça, também se enche boa linguiça".


terça-feira, 11 de maio de 2021

ao meu desacontecimento

confesso talvez eu morra um dia e se isso acontecer de fato, que seja num relance surpreendente entre uma alegoria do salgueiro e um tiro de misericórdia da revolução
Quem sabe se morro e caso morra seja de súbito, de susto como meus tios que
deixaram muita gente aos prantos e uma gargalhada tronitonante que ainda ecoa na varanda da casa
Se eu morrer que seja como foi minha mãe, segundo dizem,  passarinho

mas passarinho não se deita sobre aquele sorriso de profunda felicidade

nem faz das mãos travesseiro de nuvens mansas qual os anjos dos anúncios de natal

caso morra, que seja assim, mas sem a dor de minha tia dorcelina nem de meu pai  morto mais da saudade do que da dor que o abraçou até sofocar cada uma de suas poucas alegrias antigas

se morrer, caso um dia eu desaconteça , que nao seja de decepção por nao ter valido de nada: que tenha importado ao menos numa linhap, pequena frase

 ao menos um breve e vago verso 

Nenhum comentário: